segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Comer e vomitar: O que há de errado com elas?

Por: Christieli Ive
Foto: Christieli Ive. Os medicamentos é melhor
 forma de combater as doenças 
Hábitos alimentares são considerados doentios quando interferem na saúde física e mental, prejudicando até as relações pessoais e profissionais da pessoa portadora do transtorno. Esses procedimentos podem levá-la a se alimentar pouco e às vezes regurgitar, ou ingerir quantidades exageradas de comida, o que é caracterizado como transtorno alimentar. 
Segundo o Ministério da Saúde, aproximadamente 90% dos casos de transtorno alimentar são de mulheres jovens, porém recentemente houve um aumento no número de transtornos em homens e em adultos de ambos os sexos.

A quantia de ocorrências corresponde entre 1% e 4% da população e segue aumentando com frequência significativamente nos últimos anos. Cerca de 25% dos pacientes desenvolvem quadros crônicos com consequências orgânicas e as taxas de mortalidade variam de 5% a 20%, sendo também este um número estimado, pois considerável parcela de quem sofre da doença não sabe ou não aceita a condição.

Foi o que aconteceu com L. S., de 23 anos, que quando apresentou sinais da doença não aceitou e não acreditou que estava com transtorno alimentar. Começou desejando ser magra e conquistar o “corpo perfeito”. Com apenas 13 anos de idade surgiu a anorexia nervosa.     Segundo ela, o que mais provocou a vontade de emagrecer foi o bullying sofrido na escola por ser gorda. Por esse motivo, em cinco meses perdeu 48 kg, sem nenhum acompanhamento médico. L.S., no estado mais crítico, chegou a pesar 22 kg, com 1m64cm de altura. Nesse período entrou em coma por 10 dias na cidade de Goiânia - GO.
           
Além da anorexia nervosa, ela desencadeou uma série de doenças, como depressão, bulimia, toque e síndrome do pânico. “A 'mia' (bulimia) e a 'ana' (anorexia) são amigas da gente. A 'mia' é mais, pois nos permite comer, mas a 'ana' traz o resultado mais rápido. Elas são vozes que falam na minha cabeça o tempo todo”, conta L.S.

Ela relata que por diversas vezes se alimentava com três laranjas durante todo o dia, e que se pudesse pesaria todos os alimentos só para saber as gramas e pesquisar quanto tinha de caloria. “Teve uma vez que desmaiei e fui para o hospital e quando acordei estava tomando soro. Briguei com o enfermeiro pra tirar aquilo de mim, tudo porque eu tinha medo de engordar”, lembra. L.S. fez tratamento com nutricionista, psicólogo e psiquiatra.

Hoje, com duas filhas, diz que se preocupa com o futuro delas em relação ao apego excessivo à estética. “Sinto-me vulnerável ainda”, admite. L.S. teve o tratamento interrompido devido à situação financeira.

Rita Aparecida Barbosa, de 49 anos, formada pela Universidade São Francisco na cidade de São Paulo, tem 21 anos de profissão como psicóloga. Foi responsável pelo tratamento de L.S.. De acordo com a profissional, quando o ser humano tem algum distúrbio emocional ou algum transtorno isto remete, em muitos casos, na alimentação. “No caso dela, por exemplo, ela já tinha um distúrbio emocional, familiar, até religioso, e as vozes que ela ouvia dificultavam sua situação, pois não conseguia ouvir o próprio médico”, menciona.

Segundo a psicóloga, há pacientes que não aceitam o tratamento, que é feito por meio de terapia. Também existem aqueles que não possuem condições financeiras e interrompem o processo, como foi o caso de L.S.. A profissional ressalta que o papel da família é de fundamental importância durante o processo terapêutico e que deveria fazer acompanhamento paralelo, porém nem sempre os parentes mais próximos aceitam ou possuem dinheiro para o tratamento.
           Vídeo explicativo sobre transtornos alimentares

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